A incidência do autismo em sociedades de Alto QI: Uma análise complexa

Lia Bekyan na Unsplash

A relação entre autismo e alto quociente de inteligência (QI) tem sido objeto de curiosidade e debate. O estudo de Rodrigues et al. (2024) investigou a prevalência de traços autísticos em indivíduos com alto QI, particularmente em sociedades que exigem pontuação acima do percentil 98 para admissão. A pesquisa incluiu entrevistas com representantes de sociedades de alto QI e uma pesquisa com membros de grupos de “superdotados”.

Os resultados revelaram que, embora indivíduos autistas sejam uma minoria nessas sociedades, eles são notavelmente ativos em plataformas de mídia social. A presença significativa de autistas com alto QI pode ser atribuída à busca ativa por diagnósticos de autismo, que frequentemente incluem testes de QI, e à busca por inclusão em sociedades de alto QI como forma de socialização e integração.

O estudo também identificou que muitos indivíduos com potencial para alto QI optam por não realizar testes, seja pela ausência de necessidade percebida ou pelo custo dos testes. Além disso, a pesquisa destaca a necessidade de mais profissionais capacitados para realizar avaliações neuropsicológicas abrangentes e sugere que sociedades de alto QI adotem práticas mais rigorosas para incentivar avaliações completas, como a implementação de testes semelhantes ao DWRI, que poderiam fornecer diagnósticos mais precisos.

A pesquisa também revelou uma sub-representação de mulheres nessas sociedades, indicando barreiras de gênero na realização de testes de QI. Adicionalmente, discutiu-se a sobreposição entre as regiões cerebrais envolvidas nas habilidades medidas em testes de QI e áreas que apresentam compensação neural em indivíduos autistas, enfatizando que os testes de QI convencionais não abrangem aspectos como inteligência emocional, social e criativa.

Em suma, o estudo de Rodrigues et al. (2024) oferece informações valiosas sobre a complexa relação entre autismo e alto QI, desafiando estereótipos e incentivando um diálogo mais informado e práticas inclusivas em sociedades de alto QI.

Referência:

RODRIGUES, F. A. A; NASCIMENTO, F. H. S; SILVA, G.; ZAPPALÁ, L. O.; KAMIMURA, H. Analysis of Autism Incidence in High IQ Societies. Ciência Latina Revista Científica Multidisciplinar, v. 8, n. 3, p. 87-101, 2024.

Imagem © Lia Bekyan na Unsplash

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