Introdução
A saúde mental das mulheres é uma questão de crescente preocupação global, devido às altas taxas de transtornos mentais e emocionais que afetam esse grupo. Estudos indicam que as mulheres têm uma maior propensão a desenvolver transtornos mentais em comparação aos homens, devido a uma combinação de fatores biológicos, sociais e psicológicos (Steel et al., 2014). Este artigo aborda a relevância dos exercícios físicos na prevenção e tratamento desses transtornos, destacando suas implicações na saúde mental das mulheres.
Fatores Contribuintes para Transtornos Mentais em Mulheres
A prevalência de transtornos mentais nas mulheres pode ser atribuída a diversos fatores, incluindo a dupla jornada de trabalho, alterações hormonais relacionadas ao ciclo menstrual, gravidez e menopausa, além de questões sociais como violência de gênero, desigualdade e falta de suporte socioeconômico (Kumar, 2019). A pandemia de COVID-19 exacerbou essas condições, aumentando os níveis de ansiedade, pânico e depressão devido ao isolamento social, desemprego e falta de atividades físicas (Nabuco et al., 2020).
Benefícios dos Exercícios Físicos
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a prática regular de exercícios físicos é fundamental para a prevenção de várias doenças mentais. Exercícios aeróbicos, como caminhada, corrida e ciclismo, têm demonstrado eficácia na redução dos sintomas de depressão e ansiedade, melhorando a função cognitiva e promovendo uma sensação geral de bem-estar (WHO, 2020). Estudos mostram que os exercícios físicos podem aumentar os níveis de neurotransmissores como serotonina e endorfina, que são cruciais para a regulação do humor e redução do estresse (Oliveira et al., 2011).
Exercícios Físicos e o Sistema Nervoso
Os exercícios físicos não só melhoram a saúde mental, mas também têm efeitos positivos no sistema nervoso. A prática regular de atividades físicas aumenta a neuroplasticidade, melhora a circulação sanguínea cerebral e promove a neurogênese no hipocampo, uma área vital para a memória e aprendizagem (Erickson et al., 2015). Além disso, a atividade física regular pode fortalecer o sistema imunológico, permitindo uma resposta mais rápida e eficaz a agentes patogênicos, o que é particularmente benéfico para a saúde mental (Pedersen & Hoffman-Goetz, 2000).
Implicações Clínicas
A inclusão de exercícios físicos como parte do tratamento de transtornos mentais em mulheres pode trazer benefícios substanciais. A combinação de atividades físicas com intervenções psicológicas e farmacológicas pode levar a uma melhoria significativa na qualidade de vida das pacientes. Estudos indicam que mulheres ativas têm menos sintomas de depressão, melhor qualidade de sono e maior autoestima, fatores que são essenciais para uma saúde mental equilibrada (Wolff et al., 2011).
Considerações Finais
Os exercícios físicos desempenham um papel crucial na promoção da saúde mental das mulheres. Eles não apenas ajudam a prevenir e tratar diversos transtornos mentais, mas também melhoram a qualidade de vida de forma geral. É essencial que políticas públicas incentivem a prática de atividades físicas em todas as idades, proporcionando acesso a programas de exercícios que sejam inclusivos e adaptados às necessidades das mulheres.
Referência:
Steel, Z., Marnane, C., Iranpour, C., Chey, T., Jackson, J. W., Patel, V., & Silove, D. (2014). The global prevalence of common mental disorders: a systematic review and meta-analysis 1980–2013. International Journal of Epidemiology, 43(2), 476-493. https://doi.org/10.1093/ije/dyu038
Kumar, A. (2019). Violence against women in Jharkhand: issues, challenges and way forward. MOJ Women’s Health, 8(1), 31-35.
Nabuco, G., de Oliveira, M. H. P. P., & Afonso, M. P. D. (2020). O impacto da pandemia pela COVID-19 na saúde mental. Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, 15(42), 2532. https://doi.org/10.5712/rbmfc15(42)2532
World Health Organization. (2020). WHO guidelines on physical activity and sedentary behaviour.
Oliveira, E. N., Aguiar, R. C., Almeida, M. T. O., Cordeiro, S. E., & Lira, T. B. (2011). Benefícios da atividade física para a saúde mental. Saúde Coletiva, 8(50), 126-130.
Erickson, K. I., Hillman, C. H., & Kramer, A. F. (2015). Physical activity, brain, and cognition. Current Opinion in Behavioral Sciences, 4, 27-32. https://doi.org/10.1016/j.cobeha.2015.01.005
Pedersen, B. K., & Hoffman-Goetz, L. (2000). Exercise and the immune system: regulation, integration, and adaptation. Physiological Reviews. https://doi.org/10.1152/physrev.2000.80.3.1055
Wolff, E., Gaudlitz, K., von Lindenberger, B. L., Plag, J., Heinz, A., & Ströhle, A. (2011). Exercise and physical activity in mental disorders. European Archives of Psychiatry and Clinical Neuroscience, 261(2), 186-191. https://doi.org/10.1007/s00406-011-0254-y