O transtorno por uso de substâncias psicoativas (TUS) é uma condição complexa e multifatorial, com causas que abrangem desde fatores ambientais até predisposições genéticas. A influência da genética no comportamento de usuários de substâncias psicoativas é um campo de estudo em constante desenvolvimento, com novas descobertas que podem auxiliar na compreensão e tratamento dessa condição.
Silveira, Rodrigues e Pinto (2022) exploram a relação entre genética e TUS, destacando que a genética comportamental, um campo da biologia, desempenha um papel importante na predisposição ao desenvolvimento de vícios. A pesquisa aponta que a genética pode influenciar tanto na iniciação quanto na manutenção do uso de substâncias, afetando a resposta do indivíduo aos efeitos da droga e sua capacidade de desenvolver dependência.
A vulnerabilidade individual ao TUS é determinada pela interação complexa entre fatores genéticos, ambientais e os efeitos das próprias substâncias. A exposição repetida a drogas pode induzir mudanças neuroadaptativas de longa duração, que promovem comportamentos de busca pela droga e levam a padrões de uso persistentes e descontrolados.
O sistema dopaminérgico (DA), responsável pela sensação de recompensa e prazer, é particularmente vulnerável aos efeitos das drogas. As substâncias psicoativas alteram a atividade do DA, levando a um aumento da probabilidade de repetição de ações que produzam a recompensa, perpetuando o ciclo do vício.
Embora a genética desempenhe um papel importante na predisposição ao TUS, é fundamental ressaltar que fatores ambientais, como traumas, estresse e relações familiares disfuncionais, também podem aumentar o risco de dependência. A interação entre esses fatores contribui para a complexidade do TUS e destaca a necessidade de uma abordagem multidisciplinar no tratamento e prevenção.
Em suma, a genética do comportamento desempenha um papel crucial na compreensão do transtorno por uso de substâncias psicoativas. A identificação de genes e mecanismos relacionados à vulnerabilidade ao vício pode auxiliar no desenvolvimento de terapias mais eficazes e personalizadas, além de contribuir para a prevenção e o tratamento dessa condição complexa.
Referência:
SILVEIRA, Francis Moreira da; RODRIGUES, Fabiano de Abreu; PINTO, Miriam da Silva. Genética do comportamento no transtorno por uso de substâncias psicoativas. In: FERREIRA, Ezequiel Martins (org.). A Psicologia no Brasil: teoria e pesquisa 4. Ponta Grossa: Atena Editora, 2022. p. 231-243.