A Conexão entre sociedades de Alto QI e Neurodivergência

As sociedades de alto QI frequentemente atraem indivíduos que se destacam em testes de QI e buscam um espaço de pertencimento, interação e validação. No entanto, é crucial compreender o tipo de público que procura essas sociedades e realiza testes de QI.

Primeiramente, é importante identificar quem busca as sociedades de alto QI. Muitas vezes, são pessoas que, desde a infância, se sentiram diferentes ou cujos pais perceberam uma diferença significativa em relação aos padrões típicos. Esse grupo pode incluir uma proporção considerável de indivíduos com dupla excepcionalidade – aqueles que possuem altas habilidades intelectuais e, simultaneamente, algum tipo de neurodivergência, como autismo ou TDAH.

A busca por testes de QI, principalmente entre mulheres, frequentemente ocorre após a infância, pelos padrões não tão específicos. Isso também pode ser atribuído tanto à falta de uma cultura de avaliação de habilidades intelectuais no passado quanto a comportamentos que não despertaram preocupação parental suficiente para justificar um teste na juventude. A partir dessas avaliações tardias, muitas dessas pessoas procuram sociedades de alto QI para encontrar um sentido de pertencimento e autoafirmação. O desejo humano de integrar-se a um grupo e ser reconhecido é um forte motivador.

Em consequência, grupos de sociedades de alto QI podem ter uma significativa incidência de indivíduos neurodivergentes e superdotados que se expõem e participam ativamente. Esses indivíduos podem ter uma necessidade maior de atenção e reconhecimento devido às suas características e necessidades únicas.

Entretanto, pesquisas indicam que a maioria das pessoas superdotadas não possui dupla excepcionalidade. Porém, muitas pessoas realizam apenas o teste de QI sem investigar outras condições que possam estar presentes, o que pode alterar a percepção das estatísticas sobre a incidência de neurodivergência entre superdotados.

É importante destacar o alto índice de predisposição genética em pessoas de alto QI para condições como autismo, TDAH, bipolaridade e esquizofrenia. No entanto, ter uma predisposição genética não equivale a ter um diagnóstico. A predisposição indica uma maior probabilidade baseada na genética, mas fatores ambientais também desempenham um papel crucial.

A presença de genes e SNPs incomuns pode levar a uma alta predisposição genética para certas condições, mas isso não significa que a pessoa desenvolva essas condições. A inteligência, por exemplo, pode atuar como um fator neuroprotetor, e os mesmos genes podem estar envolvidos em diferentes manifestações neurobiológicas. Tanto os transtornos mentais quanto a inteligência são influenciados por um grande número de genes e variantes, além dos fatores ambientais. No entanto, a inteligência tende a ser mais fortemente influenciada pela genética do que os transtornos mentais.

Em resumo, a complexidade das interações entre genética e ambiente torna a relação entre alto QI e neurodivergência. As sociedades de alto QI oferecem um espaço importante para indivíduos que buscam compreensão e reconhecimento de suas capacidades e peculiaridades.

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