Por Dra. Patrícia Santiago
Você já imaginou que a sua alimentação pode estar relacionada com a saúde da sua mente? De acordo com uma pesquisa da médica brasileira Patrícia Santiago, a intolerância alimentar pode ter possíveis impactos na ocorrência de depressão.
Segundo a Dra. Patrícia Santiago, a intolerância alimentar pode ser mais do que uma simples reação fisiológica. Ela observou na literatura científica e em estudos de caso uma frequência significativa de depressão entre pacientes com intolerâncias alimentares, levando-a a investigar os possíveis mecanismos por trás dessa conexão intrigante.
A intolerância pode ocorrer por diferentes meios, mas dois deles chamam atenção: deficiências enzimáticas e intolerância às aminas. Ambas as condições podem interferir na absorção do triptofano, um aminoácido essencial precursor da serotonina, o famoso neurotransmissor relacionado ao bem-estar e ao equilíbrio emocional.
A serotonina, conhecida como o “hormônio da felicidade”, desempenha um papel crucial na regulação do humor. “Alimentos ricos em triptofano são fundamentais para manter os níveis adequados de serotonina no cérebro. Porém, quando há a formação de complexos com o triptofano devido à má absorção de açúcares, como a frutose e a lactose, a biodisponibilidade desse aminoácido pode ser comprometida, podendo levar a alterações nos níveis de serotonina e, consequentemente, à depressão”, explica Patrícia.
Segundo a profissional, as aminas, compostos químicos de baixo peso molecular presentes em diversos alimentos, também são um aspecto importante nessa equação. “Em concentrações adequadas, elas são essenciais para o bom funcionamento do organismo. No entanto, quando presentes em excesso, podem ter efeitos tóxicos. A ingestão de alimentos gordurosos e com pouca presença de nutrientes como triptofano, magnésio e vitaminas B e D, pode levar ao aumento das aminas, o que pode ser desencadeante da depressão” ressalta a médica.
Com base nas pesquisas mais recentes, a possibilidade de estabelecer métodos para evitar a depressão em pacientes com intolerância alimentar é promissora. A administração de medicamentos inibidores de monoaminoxidases (MAO) pode ser uma estratégia a ser explorada para restaurar o equilíbrio neuroquímico.
Embora ainda haja muito a ser estudado, a relação entre o sistema gastrointestinal e o sistema nervoso nos abre novas perspectivas sobre a importância de uma alimentação equilibrada para a saúde mental.
É importante ressaltar que nem sempre a depressão tem uma ligação direta com a alimentação. Esta é uma condição complexa que pode ser influenciada por diversos fatores, incluindo fatores genéticos, ambientais e psicológicos. Portanto, é fundamental reconhecer que a alimentação pode ser um dos elementos que impactam o bem-estar emocional, mas não é a única causa da depressão.
Cada pessoa é única, e algumas podem apresentar intolerâncias alimentares, enquanto outras não. Alimentos como trigo e leite podem ser bem tolerados por algumas pessoas e causar desconfortos em outras. Por isso, é essencial buscar orientação médica para identificar possíveis intolerâncias e desenvolver um plano alimentar adequado às necessidades individuais.
Sobre Patrícia Santiago
Patrícia é graduada em medicina pela Universidade Estadual do Amazonas, com pós graduação em Nutrologia. Atua na área de emagrecimento e performance com ampla experiência no acompanhamento de pacientes bariátricas. No momento desenvolvendo a comunicação digital para pacientes com foco em reeducação alimentar, mudança de estilo de vida e alta performance. Pesquisadora no CPAH – Centro de Pesquisa e Análises Heráclito.