Por: Dr. Roberto Yano
Os transplantes cardíacos são relativamente recentes na história da medicina atual e talvez sejam um dos maiores avanços já alcançados também!
O primeiro transplante de coração foi realizado na África do Sul em 1967, mas a taxa de sobrevivência após o transplante era muito baixa.
De lá para cá as técnicas cirúrgicas se desenvolveram muito e há uma segurança bem maior durante e após os transplantes cardíacos, mesmo sendo uma cirurgia delicada e complexa como é.
Nesse cenário, o tratamento pós transplante cardíaco é essencial para garantir vida de qualidade ao paciente que se submeteu ao transplante.
Como é o tratamento pós transplante cardíaco?
Antes do transplante cardíaco ser realizado há uma triagem rigorosa para a decisão de se o paciente pode ou não se submeter a ele de forma segura. Entre as indicações, a principal é quando o paciente não reage aos tratamentos tradicionais para doenças de coração avançado e corre risco de morte.
Os transplantes não são cirurgias simples e demandam órgãos retirados de outras pessoas, portanto precisam ser indicados com muito cuidado, inclusive para não implicar em questões éticas.
No avanço dos transplantes, casos que eram de contraindicação absoluta há alguns anos, atualmente podem ser tratados e o paciente consegue se submeter ao procedimento. Um desses avanços é em relação à idade. Pacientes idosos já são indicados para transplantes de forma segura, considerando o risco e o benefício.
Toda a triagem anterior ao transplante e a decisão de submeter ou não o paciente ao procedimento irá influenciar no tratamento pós transplante cardíaco, porque ele também depende do quadro e do histórico do paciente em questão.
E depois do transplante?
Certamente você já ouviu falar na possibilidade de rejeição do órgão dentro do organismo humano, não é mesmo? Essa é uma das principais preocupações, ainda hoje, das equipes médicas especializadas em transplantes cardíacos.
Para prevenir o que na medicina é chamado de rejeição aguda precoce, o tratamento principal consiste na imunossupressão. Além de prevenir a rejeição, a imunossupressão evita a inflamação do coração recém implantado, o que seria uma reação natural do corpo em situações normais.
Terapia de manutenção pós-transplante de coração
O tratamento pós transplante de coração implica em uma rigorosa manutenção da imunossupressão nos pacientes.
A imunossupressão é o processo de reduzir a atividade do sistema imunológico do paciente para que seu corpo não reaja negativamente ao órgão transplantado. Esse tratamento é feio anteriormente, durante e posteriormente ao transplante, sendo necessário eu monitoramento e manutenção.
Essa manutenção pode durar por tempos prolongados e muitas vezes para o resto da vida.
Os principais medicamentos que desabilitam o sistema imunológico no organismo humano e são utilizados no tratamento pós transplante cardíaco são os corticosteroide, um inibidor da calcineurina (ciclosporina ou tacrolimus) e um antiproliferativo (micofenolato ou azatioprina).
Quando o paciente ainda assim corre o risco de desenvolver rejeição ao coração transplantado, existe um tratamento chamado Terapia de Resgate, que consiste em administrar drogas alternativas às comumente utilizadas.
Mas como o organismo reage com seu sistema imunológico baixo?
Mas se o tratamento pós transplante do coração consiste basicamente em desativar parte do sistema imunológico do paciente, como fica sua saúde em geral?
Exatamente para evitar que o paciente contraia doenças secundárias em razão de sua baixa imunológica é que após o transplante são feitas também as profilaxias, que são os tratamentos preventivos.
No caso do transplante de coração é necessária a profilaxia contra bactérias, par que o organismo humano não desenvolva infecções desse tipo e ainda profilaxias virais, que evitam a proliferação de infecções virais no paciente.
Ainda é necessária que seja feita a profilaxia de fungos e protozoários, principalmente de toxoplasmose e pneumocistose.
Para finalizar, os pacientes transplantados são rigorosamente monitorados pela equipe médica que realizou o procedimento e pelo cardiologista responsável. Isso porque há riscos de ocorrer novas doenças cardíacas sequenciais ao transplante.
Agora que você sabe muito mais sobre o tratamento pós transplante de coração, pode avaliar o quanto as pesquisas médicas são importantes para manutenção da vida e de uma sobrevida de qualidade às pessoas transplantadas!